Jorge Lafond: conheça a história por trás da personagem Vera Verão

Jorge Lafond: conheça a história por trás da personagem Vera Verão
Jorge Lafond (personagem Vera Verão)

Com certeza você já ouviu falar de Vera Verão, uma personagem que divertiu o público no programa humorístico “A Praça é Nossa“, apresentado há muitos anos por Carlos Alberto de Nóbrega no SBT.

Mas, você conhece a história por trás da personagem e sabe quem é Jorge Lafond, o seu intérprete?

Neste artigo você terá um resumo da vida e obra desse artista talentoso que infelizmente já nos deixou.

Confira!

Origem

Nascido em Nilópolis, Rio de Janeiro, em 29 de março de 1952, Jorge Luiz de Souza Lima, o Jorge Lafond, era filho de uma telefonista e de um bombeiro.

Ainda criança, os pais de Lafond se separaram e, com isso, a mãe daquele que viria a interpretar a inesquecível Vera Verão o criou sozinha, no bairro da Penha, no Rio de Janeiro.

“A batalha dessa mulher comigo foi tão grande que, graças a Deus, eu posso te dizer que eu pude dar um pouco de conforto a ela. Já fazem sete anos que ela me deixou, e eu poderia dar muito mais hoje”, disse Jorge em uma entrevista concedida à jornalista Marília Gabriela, quando perguntado sobre sua mãe.

O primeiro emprego de Jorge foi em uma oficina mecânica, quando o artista tinha apenas nove anos de idade. “Na realidade com sete anos uma criança não faz nada, né? Fazia aqueles trabalhos leves mesmo”, comentou Lafond sobre esse fato.

Segundo o próprio artista, desde criança ele já tinha consciência de que era homossexual. “Aos seis anos de idade eu já sabia que era diferente dos outros meninos”, disse.

Jorge Lafond perdeu a sua mãe quando já era famoso, por causa de uma negligência médica. Quando perguntado por Marília Gabriela sobre a causa da morte da sua mãe, Lafond respondeu: “Mamãe? Negligência médica”.

A morte da genitora do artista ocorreu após uma lavagem intestinal. Ela havia tomado medicações erradas, precisou passar pelo procedimento e teve um dos pulmões perfurado durante a lavagem. Após 21 dias desse erro crasso e de internação em uma UTI, a mãe de “Vera Verão” morreu.

A carreira

Segundo o próprio Jorge, o sobrenome artístico “Lafond”, foi uma homenagem à atriz Monique Lafond.

A carreira de Jorge Lafond começou aos 17 anos, como bailarino. O artista era formado em Balé Clássico e Dança Africana.

Um dos primeiros trabalhos de Lafond foi se apresentar no balé do Fantástico e, no prosseguimento da sua carreira, o “Vera Verão” fez parte da Companhia de Dança de Aroldo Costa, se apresentando até mesmo fora do país, na Europa e nos EUA.

Na televisão, a trajetória de Jorge Lafond começou em 1981 no programa “Viva o Gordo”, na Globo. Já o primeiro papel do artista foi na novela Sassaricando, em 1987 e também na Globo, onde Lafond deu vida ao personagem Bob Bacall.

Em 1991 Jorge Lafond fez uma ponta em “Os Trapalhões” como o Soldado Divino, primo de Mussum. No ano seguinte, 1992, Lafond começou a sua trajetória como a eterna Vera Verão, no programa A Praça é Nossa, no SBT, onde passou 10 anos.

Além de se apresentar semanalmente na “Praça”, Vera Verão, a personagem de Jorge, fazia entrevistas no Piscinão de Ramos, no Rio de Janeiro, que eram reproduzidas no programa Domingo Legal.

Durante os seus 31 anos de carreira, Jorge Lafond fez diversos trabalhos para a TV e cerca de 6 filmes.

Curiosidades sobre Jorge Lafond (Vera Verão)

A religião seguida por Jorge era o candomblé, um rito de origem africana muito comum na Bahia.

Indo no sentido da sua crença, Jorge Lafond dizia que Vera Verão não era um personagem apenas, mas sim um espírito que “baixava” nele e tomava seu corpo. “Na realidade a Vera Verão não é uma personagem, é uma entidade. É um espírito, um presente meu com a minha espiritualidade, que eu pude trazê-la pra dentro da televisão”, comentou Lafond quando perguntado por Marília Gabriela sobre a sua mais famosa personagem.

Jorge Lafond era, além de ator, comediante e bailarino, um empresário do ramo do entretenimento. O artista era proprietário do grupo de pagode “É Demais”.

Em 1999 Lafond lançou a sua autobiografia, intitulada “Bofes e Babados”. “Eu queria colocar no livro as coisas que eu sempre falei em entrevistas aos jornais, pensei que seriam publicadas e isso nunca aconteceu”, disse Jorge sobre a obra.

Segundo o intérprete de Vera Verão, ele teve, por vários anos, um relacionamento com um jogador de futebol que era titular da Seleção Brasileira, era casado e tinha filhos. Jorge Lafond jamais revelou o nome do atleta que, ainda segundo ele, era um homem branco.

Vale lembrar do momento em que Jorge Lafond foi, travestido de Vera Verão, rainha de Escola de Samba no Carnaval do Rio de Janeiro. Em dado momento o artista desfilou completamente nu em uma apresentação da festa popular.

Jorge Lafond vs. Padre Marcelo Rossi

Em 2002 o artista se envolveu em uma “treta” com o padre Marcelo Rossi. Na ocasião, Jorge Lafond relata que foi informado por uma pessoa da produção do Domingo Legal de que precisaria se retirar do palco do programa, colocar uma roupa masculina e só então voltar ao programa, pois o religioso entraria no ar.

“Eu tava fazendo o programa do Gugu numa boa, logo depois eu recebi a surpresa de que o padre ia entrar e rezar maravilhosamente bem, e foi quando teve a entrada do padre Marcelo Rossi. Mas eu não sei porque cargas d’águas viraram para mim e falaram assim: ‘Lafond, tira essa roupa e coloca uma roupa de homem, e depois você volta.’ Eu falei assim: ‘Ué? Tá bom!’, fui em sentido ao camarim e não troquei porque eu não tinha roupa de homem, só tinha roupa de mulher. Simplesmente, quando o padre se retirou eu voltei à cena”, relatou Lafond.

O artista disse ainda que se magoou muito com a situação. No entanto, o Marcelo Rossi disse que nunca havia pedido isso e que não tinha qualquer preconceito contra Jorge Lafond e a sua personagem.

O fim do icônico artista Vera Verão

No dia 11 de janeiro de 2003, depois de ser internado várias vezes por causa de crises renais e de hipertensão, Jorge Lafond sofreu um infarto e veio a óbito. O boletim médico declarou que a causa da morte foi um infarto fulminante seguido de falência múltipla dos órgãos.

Lafond tinha apenas 50 anos de idade e foi enterrado no cemitério do Irajá, no Rio de Janeiro. Milhares de pessoas foram acompanhar o enterro e prestar as suas últimas homenagens ao artista.

Jorge Lafond tinha o desejo de ser enterrado junto com as suas jóias, avaliadas em dez mil reais, e assim foi feito.

15 anos depois, em 2018, o advogado do artista relatou que os seus restos mortais haviam desaparecido do cemitério e exigia respostas das autoridades. As investigações sobre o caso bizarro continuam e permanecem em sigilo.

Esse foi um resumo sobre a vida e obra de Jorge Lafond.

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